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AS ESPONJAS

O filo Porifera (do Latim porus: poro e ferre: possuir) compreende o grupo de animais (metazoários) considerado pela maioria dos cientistas como o mais antigo ainda existente em nosso planeta, as esponjas. Este grupo é composto por organismos sésseis e filtradores, que possuem estrutura corporal simples, sem apresentar órgãos ou tecidos verdadeiros (exceto a classe Homoscleromorpha). As esponjas possuem um sistema formado por canais inalantes e exalantes, o sistema aquífero, no qual células flageladas (coanócitos) geram uma corrente de água unidirecional através do seu corpo. É por meio dessa corrente de água que elas obtêm seu alimento, realizam trocas gasosas e liberam excretas.

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Diversidade de esponjas em caverna, Fernando de Noronha.

Foto: Matheus Vieira Lopes.

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Anatomia de Porifera. Retirado de Fransozo & Negreiros-Fransozo, 2016.

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Além dos coanócitos, as esponjas possuem células com grande mobilidade e totipotência, ou seja, capazes de se diferenciar em qualquer tipo celular, inclusive gametas, o que confere a esses animais grande plasticidade morfológica e capacidade de reorganização. Como decorrência destas características, as esponjas são capazes de fragmentar e fusionar seu corpo, retrair seu tamanho em situações adversas, regenerar partes perdidas com enorme eficiência, reagregar e reorganizar suas células, formando um novo indivíduo após dissociação celular e mesmo se locomover um pouco por meio do movimento ameboide de células nas áreas de adesão da esponja. Seu esqueleto, quando presente, pode ser constituído por espículas inorgânicas livres ou fusionadas de carbonato de cálcio (CaCO3) ou sílica (SiO2). As espículas de sílica podem ainda ser complementadas ou substituídas por fibras de colágeno (espongina) na classe Demospongiae.

Diversidade de espículas de sílica. Retirado de Van Soest et al., 2012.

O filo é atualmente dividido em quatro classes viventes: Calcarea, Demospongiae, Hexactinellida e Homoscleromorpha, somando mais de 8.700 espécies consideradas válidas, embora considere-se que haja pelo menos o dobro deste número de espécies. As esponjas estão presentes em uma grande variedade de ambientes ao longo de todas as latitudes, tais como recifes de coral, costões rochosos, cavernas, regiões abissais e mesmo hadais, manguezais, estuários e ambientes dulcícolas, incluindo lagos de altitude. Possuem formas e tamanhos muito variáveis, podendo ser incrustantes, ramificadas, tubulares e esféricas, entre outras, e podem medir desde milímetros a metros. Dependendo da natureza e densidade dos seus componentes estruturais (espículas e/ou fibras de espongina), as esponjas podem apresentar consistência macia, compressível, frágil, friável ou dura.

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Matheus Vieira Lopes 

Classe Demospongiae

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Matheus Vieira Lopes

Classe Homoscleromorpha

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NOAA Okeanos

Classe Hexactinellida

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Bárbara Ribeiro

Classe Calcarea

AS QUATRO CLASSES

DEMOSPONGIAE

Demospongiae é a classe mais diversa do filo Porifera, representando cerca de 84% do número total de espécies de esponjas. Ocorre no ambiente marinho e dulcícola, desde a zona entre marés até profundidades hadais. Apresenta gêneros que não possuem esqueleto por exemplo, Chondrosia Nardo, 1833, Halisarca Johnston, 1842 e Hexadella Topsent, 1896. Quando presente, o esqueleto pode ser constituído por espículas de sílica e complementado ou substituído por fibras de colágeno. Há também espécies hipercalcificadas (coralinas) que apresentam esqueleto basal de carbonato de cálcio associado a espículas de sílica. As demosponjas possuem sistema aquífero leuconoide e podem ser ovíparas, vivíparas ou ovovivíparas.

HEXACTINELLIDA

Os representantes da classe Hexactinellida são conhecidos como esponjas de vidro e representam cerca de 7% do filo. São espécies exclusivamente marinhas e predominantemente de águas profundas (> 500 m), ocorrendo em águas rasas apenas em quatro localidades registradas até o momento: Antártica, sul da Nova Zelândia, cavernas submarinas no Mediterrâneo e águas costeiras do Pacífico Norte. Possuem forma de corpo variável, coloração discreta e esqueleto composto por espículas de sílica, em sua maioria com seis raios (simetria hexactinal), que também podem ser fusionadas por depósito secundário de sílica. Todo o corpo da esponja é formado por um tecido sincicial contínuo, chamado de retículo trabecular, caracterizado por células fusionadas. Essa continuidade permite que alimentos e sinais elétricos passem por todo o animal. As espécies dessa classe possuem sistema aquífero leuconoide ou siconoide e são vivíparas.

HOMOSCLEROMORPHA

A classe Homoscleromorpha compreende o menor grupo dentro do filo, representando cerca de 1% das espécies. Até recentemente era considerada uma subclasse de Demospongiae. Gazave e colaboradores (2012), utilizando ferramentas moleculares, demonstraram que Homoscleromorpha é, na verdade, um clado distante de Demospongiae, sendo a quarta classe a compor o filo Porifera. A classe é constituída por espécies marinhas, especialmente de águas rasas, com apenas algumas espécies encontradas abaixo de 100 m de profundidade. A maioria das espécies tem forma incrustante e sua coloração pode ser bem variável, inclusive intra-especificamente como, por exemplo, na espécie policromática Plakina kanaky Ruiz & Pérez, 2015, que possui cromotipos amarelo, vermelho, verde e azul. Possuem sistema aquífero leuconoide ou sileibide e seu esqueleto, quando presente, é composto por espículas de sílica. É a única classe que possui membrana basal, composta de colágeno tipo IV subjacente à coanoderme e à pinacoderme. Seus representantes são vivíparos.

CALCAREA

A classe Calcarea compreende cerca de 8% da biodiversidade de espécies de esponjas. Seus representantes são exclusivamente marinhos, ocorrendo principalmente em águas rasas, embora ocorram também em águas profundas. Essas esponjas são encontradas particularmente em ambientes crípticos,  como cavernas, fendas e mesmo sob outros organismos e rochas. É a única classe que possui espículas de carbonato de cálcio, depositadas na forma de Mg-Calcita, além de ser também a única classe a possuir todos os seis tipos de sistemas aquíferos descritos para o filo Porifera. Nesta classe, são encontradas também espécies hipercalcificadas (coralinas), com esqueleto basal de carbonato de cálcio associado a espículas de carbonato de cálcio. Em relação a reprodução, as calcareas possuem espécies vivíparas.

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